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Mármores e granitos: Ceará não sabe explorar sua riqueza

O Simagram vem cumprindo essa orientação, razão pela qual aprofunda e dinamiza um trabalho de atração de investidores e de promoção do setor de rochas ornamentais de que é exemplo a Fortaleza Brazil Stone Fair, uma feira internacional que deu visibilidade mundial ao grande potencial de quartzitos e granitos do Estado do Ceará.

Embora extraindo do seu solo o Taj Mahal, que é o objeto de desejo dos arquitetos do mundo, a mineração cearense exporta apenas blocos de pedra, sem valor agregado

Escrito por
Egídio Serpaegidio.serpa@svm.com.br
10 de Abril de 2025 – 06:03

(Atualizado às 06:08)
Legenda: Na foto, blocos de rochas ornamentais, granito incluído, que o Ceará exporta em estado bruto, sem valor agregado
Foto: Natinho Rodrigues /SVM

Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Ceará, reuniu, há dois anos, os líderes de cada um dos seus 40 sindicatos filiados e lhes transmitiu, com outras palavras, esta orientação, segundo testemunho do presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos (Simagran), Carlos Rubens Alencar:

“Vocês, além de cuidarem dos aspectos corporativos, devem transformar seus sindicatos em unidades fomentadoras do desenvolvimento econômico”.

O Simagram vem cumprindo essa orientação, razão pela qual aprofunda e dinamiza um trabalho de atração de investidores e de promoção do setor de rochas ornamentais de que é exemplo a Fortaleza Brazil Stone Fair, uma feira internacional que deu visibilidade mundial ao grande potencial de quartzitos e granitos do Estado do Ceará.

“Em 2014, tínhamos 14 empresas que pesquisavam e extraíam rochas ornamentais no nosso Estado. Hoje, temos cerca de 70 empresas nessa atividade. O quartzito Taj Mahal, extraído do chão do município de Uruoca, no Norte cearense, é atualmente a rocha mais nobre, transformando-se em objeto de desejo dos principais arquitetos mundiais. Enfim, como um dia vaticinou o saudoso governador Virgílio Tavora, o Ceará se desenvolverá com o binômio turismo e mineração”, diz Carlos Rubens Alencar.

Mas, como esta coluna já comentou, os empresários cearenses e de outros estados que exploram as belas rochas ornamentais daqui não têm sido competentes para agregar valor a esses produtos, exportando-os em estado bruto para vários países, inclusive a Itália e a China, onde são convertidos em peças valiosíssimas que enfeitam o piso e o revestimentos de grandes monumentos públicos e privados na Europa, Ásia e Oriente Médio (o Aeroporto Internacional de Dubai, para citar apenas um exemplo, deve boa parte de sua beleza ao Taj Mahal cearense).

Agora, reparem: os empresários do Espírito Santo – maior produtor e exportador brasileiro de rochas ornamentais – tiram do solo do Ceará blocos enormes de quartzitos e granitos que, transportados por navios ou carretas, são levados até Vitória, onde a indústria capixaba os beneficia para, em seguida, exportá-los como peças acabadas – de alto valor agregado – para os clientes estrangeiros.

O mais incrível é que o Ceará tem em operação no Complexo do Pecém a única Zona de Processamento para Exportação (ZPE) em funcionamento do país. É lá, junto ao Porto do Pecém, que os mármores e granitos cearenses deveriam ser – com isenção tributária – beneficiados, se alguma empresa daqui ou d’alhures fosse atraída para essa tarefa. Até agora, contudo, a iniciativa privada e o governo estadual não manifestaram interesse efetivo para fazer também da ZPE do Ceará – que já é um polo siderúrgico — outro da indústria de mineração.

“Ainda somos exportadores de comodities, mas brevemente teremos alguns projetos de industrialização dos blocos, e aí os valores irão crescer exponencialmente”, promete, pela centésima vez, mas com ar de renovada esperança, o presidente do Simagran.

De janeiro a março deste ano, o Ceará exportou – em mármores e granitos – o equivalente a US$ 19,51 milhões, um salto de 147% em relação ao mesmo período do ano passado de 2024, quando essas exportações foram de, apenas, US$ 7,88 milhões.

Agora, surpreendam-se: o Espírito Santo, no mesmo primeiro trimestre deste ano, exportou, em rochas ornamentais beneficiadas, ou seja, com valor agregado, US$ 290,41 milhões. Minas Gerais, o segundo colocado, exportou US$ 30,06 milhões. O Ceará é o terceiro desse ranking, que tem a Bahia em quarto lugar, com exportações de mármores e granitos equivalentes a US$ 4,36 milhões.

De janeiro a março deste 2025, as exportações totais do Brasil em mármores e granitos somaram US$ 353,58 milhões, 28,1% a mais do que os US$ 275,97 exportados em 2024.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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