Careto é um personagem mascarado do carnaval de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal, com destaque para Podence. É um homem que usa uma máscara com um nariz saliente feita de couro, latão ou madeira pintada com cores vivas de amarelo, vermelho ou preto. Numa outra versão, em Lazarim a máscara é feita de madeira de amieiro decorada com chifres e outros apetrechos.
Origens

Pensa-se que a tradição dos Caretos tenha raízes célticas, de um período pré-romano. Provavelmente, está relacionada com a existência dos povos Galaicos (Gallaeci) e Brácaros (Bracari) na Galiza e no norte de Portugal.
A origem dos mascarados liga-se ao culto dos antepassados, considerados detentores privilegiados de poderes sobre as bases essenciais da sobrevivência do indivíduo no plano físico e mental, velando pela fertilidade dos campos, pela fecundidade dos homens e dos animais, pela manutenção da lei cívica e moral, e da origem por eles modelada e estabelecida. O mascarado assume-se como a personagem central, em torno da qual toda a ação festiva se desenrola, desempenhando os mais variados papéis, consoante o determina a tradição e ritual de cada lugar.
A máscara é um elemento que, temporal e espacialmente, conhece uma enorme representação e um universalismo que nenhum outro testemunho material da cultura humana iguala. Através dela o mundo dos deuses e dos mortos instaura-se temporariamente entre os homens — ela encarna o princípio do jogo da vida.
Os ritos solsticiais são os que os mascarados celebram no decorrer do ciclo dos doze dias, num primeiro momento, Natal e Santo Estêvão — solstício de inverno, e num segundo momento o carnaval, vindo sequencialmente do primeiro, através dos ritos simbólicos, em muito semelhantes pela transferência de celebrações do solstício para o equinócio da primavera. As festas dos mascarados são ritos do mais profundo esoterismo e simbolismo que resistiram à passagem do tempo e se conservam bem vivas na cultura do povo da região do Nordeste Transmontano.
Traje
O fato dos mascarados, em regra, é feito de colchas de fabrico caseiro, decorado de trama de lã vermelha, composto de casaco com capuz e calças, recamados de espessas franjas de lã colorida. Recentemente, servem-se de fatos-macacos que recobrem de fiadas franjadas de tecido de cores berrantes e contrastantes.
Algumas regiões o fato é completado com coleiras de gado vacum munidas de campainhas, postas a tiracolo, cinto largo com uma enfiada de chocalhos para “chocalharem” as mulheres numa atitude provocatória com sentido obscuro de fecundidade[1].
A festa dos caretos faz parte de uma tradição milenar que é celebrada em Portugal no Entrudo. Em Trás-os-Montes é celebrado em várias aldeias dos concelhos de Vinhais, Bragança, Macedo de Cavaleiros (especialmente Podence) e Vimioso, e no Alto Douro em Lazarim no concelho de Lamego.
No Inverno, por altura do solstício, inicia-se na região de Trás-os-Montes uma época festiva que vai até ao Carnaval, cheia de momentos de diversão que agitam as ruas das cidades e aldeias. É um tempo de celebração que simboliza o rejuvenescimento e o recomeço de um novo ciclo, tanto na natureza como na vida social.
Grande parte destas festividades, que ainda subsistem em pequenas localidades de Portugal e Espanha, têm particular expressão durante o período que se designa de “Ciclo dos 12 dias”, que vai desde o Natal até à Epifania (dia de reis). Nestas festas, os jovens têm, à semelhança do que acontecia em algumas civilizações da antiguidade, de mostrar provas de que estão aptos a assumir um papel mais ativo na vida das comunidades em que se inserem, uma vez que entre velhos e crianças, são eles o elemento mais forte. Assim, estas celebrações são também manifestações de coesão social.
A Festa dos Rapazes, a que se chama também Festa de Santo Estêvão, é provavelmente a mais importante. É uma tradição com origem em antiquíssimos rituais de passagem da adolescência para a vida adulta. Logo pela manhã, a rapaziada desfila pelas ruas com os típicos fatos coloridos e os caretos, provocando, chocalhando e interagindo com as populações, em grande folia. Também a Festa dos Reis (ou da Epifania), apesar de associada ao nascimento de Jesus Cristo, continua, em muitas aldeias, a ser festejada com a presença destes rapazes mascarados.
O entrudo Chocalheiro é o auge das manifestações de irreverência que nesta época, não só são permitidas, como constituem uma atracão e fazem notícia. Em algumas zonas da região, é neste dia que saem à rua as figuras mascaradas da Morte, do Diabo e a da Censura, cometendo as mais diversas tropelias.
Um pouco por toda a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, este é um tempo de festa anunciado pelo som das gaitas-de-foles das rondas, é o tempo dos cortejos, das loas, das refeições comunitárias e dos peditórios.
NO SERTÃO NORDESTINO:
Os caretas usam vestimentas artesanais coloridas. São animados e a maior parte dos grupos é oriunda de sítios próximos aos centros urbanos e de bairros da periferia. É a tradição folclórica que é mantida durante a Semana Santa.
Vestidos a caráter – rostos encobertos com capuz, máscaras, saiotes de tecidos com cores variadas, chocalhos, música e muito barulho, os brincantes saem busca de esmolas nas residências, entre os transeuntes e em lojas comerciais.
O objetivo dos caretas é coletar gêneros alimentícios, bebida e dinheiro para formar a tradicional brincadeira de malhação do Judas, na noite do próximo Sábado de Aleluia, para a madrugada de Domingo de Páscoa, quando os católicos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo.
Desafio
Nas áreas rurais, eles formam o chamado sítio, um espaço demarcado, onde as coletas são guardadas no sábado à noite. Há o desafio de se tentar retirar qualquer produto desse espaço. Os guardas perseguem os desafiadores até um determinado ponto, tentando chicotear os que participam da brincadeira do furto de alimentos.
Os caretas trazem animação para as ruas da cidade e medo para as crianças. Os brincantes contratam costureiras e também têm o apoio das mães para a confecção das vestimentas, que são camisas e calças feitas a partir da montagem de peças coloridas de retalhos. No dia a dia, quando não estão brincando, os caretas são estudantes e jovens agricultores, que ajudam os pais na lavoura. Nessa época do ano, formam os grupos que percorrem as ruas da cidade em busca de donativos. Alguns viajam até 35 quilômetros para participarem da brincadeira anual.
Os caretas mantêm viva a tradição das comemorações profanas, populares e festivas, relacionada com a malhação do Judas, no fim da Semana Santa. Até a Sexta-Feira Santa, os brincantes saem em busca de donativos para serem usados no Sábado de Aleluia
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