Desenvolvimento sustentável e agronegócio legal caminham juntos no Cariri cearense
Por Francisco Leopoldo Martins Filho
Advogado e membro efetivo da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/CE
A Chapada do Araripe, marco geográfico e simbólico do sul cearense, desponta como uma nova e promissora fronteira agrícola do Nordeste. Em meio a debates polarizados, é necessário reafirmar com clareza: o agronegócio tecnificado, regularizado e ambientalmente responsável pode — e deve — ser uma alavanca para o desenvolvimento sustentável da região do Cariri.
Em um território historicamente marcado por limitações socioeconômicas e vulnerabilidade climática, a agricultura e a pecuária modernas surgem como instrumentos de transformação estrutural. A expansão de lavouras como soja, milho e mandioca, assim como a pecuária manejada com critérios técnicos, representa uma oportunidade ímpar de geração de empregos, renda e infraestrutura, desde que balizadas por rigoroso licenciamento ambiental e responsabilidade social.
Não se trata aqui de romantizar o avanço agrícola ou negligenciar a importância dos ecossistemas da Chapada — pelo contrário. A defesa do meio ambiente deve caminhar lado a lado com o direito de produzir. E essa coexistência é possível quando os empreendimentos respeitam o zoneamento ecológico-econômico, utilizam práticas conservacionistas e são fiscalizados com transparência e imparcialidade.
Criminalizar o agronegócio que atua dentro da legalidade é retroceder. É desconsiderar o potencial de fixação das populações rurais, a inclusão dos jovens no campo por meio da inovação e a dinamização de cadeias produtivas com base regional. É ignorar que, em tempos de insegurança alimentar e emergência climática, a produção eficiente e sustentável de alimentos é um dos pilares da soberania nacional.
O Cariri não pode mais abrir mão de seu potencial produtivo. É urgente que o poder público, as universidades, os órgãos ambientais e o setor produtivo atuem em convergência, construindo uma governança territorial sólida e moderna. A Chapada do Araripe pode — e deve — ser exemplo de como é possível produzir com inteligência, preservar com rigor e desenvolver com justiça.
É tempo de deixar os extremos e construir soluções. O futuro do semiárido passa pela ciência no campo, pela legalidade e por uma visão estratégica de desenvolvimento. A nova fronteira agrícola está posta. Cabe a nós decidir se vamos explorá-la com responsabilidade ou deixá-la à mercê da estagnação.
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