
Na última semana, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal deflagraram a Operação Sem Desconto, revelando um esquema de descontos indevidos que pode ter lesado 6,3 bilhões de reais de aposentados e pensionistas do INSS.
Ao todo, 11 entidades de classe – entre associações de aposentados e sindicatos – foram formalmente enquadradas, e outras 31 estão sob suspeita de realizarem mensalidades “associativas” sem a devida autorização dos beneficiários.
As investigações apontam que esse golpe se estendeu de 2016 até maio de 2024, afetando cerca de 1,4 mil descontos analisados pela CGU, e atingindo potencialmente 6 milhões de segurados.
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Como Funciona o Golpe
As entidades envolvidas firmavam Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS, que teoricamente permitiriam descontos automáticos de mensalidades em troca de benefícios como assistência médica, jurídica ou convênios diversos.
No entanto, 72% das entidades não entregaram sequer a documentação exigida para a formalização dos ACTs, e em muitos casos assinaturas foram falsificadas ou simulações de manifestação de vontade foram criadas sem qualquer autorização real do aposentado.
Perfil das Entidades
A auditoria da CGU constatou que:
- 70% das 29 entidades auditadas operavam sem CNPJ válido ou contrato social registrado;
- 96% dos beneficiários contatados declararam não ter autorizado o desconto;
- As mensalidades variavam em torno de R$ 81,57 mensais, repassadas diretamente pelo INSS às associações, sem prestação efetiva de serviços.
Entidades como a Caap (Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS) apresentaram 214 descontos irregulares de 215 realizados, segundo o relatório da CGU, e muitas sequer disponibilizam canais válidos de contato para prestar esclarecimentos.
Impactos para os Aposentados
Os prejuízos vão além dos valores descontados indevidamente. Os segurados enfrentam:
- Riscos financeiros diretos, com redução da renda mensal para despesas essenciais;
- Estresse emocional e insegurança, ao descobrir cobranças que não reconhecem;
- Burocracia adicional, pois precisam recorrer ao INSS e, em muitos casos, ao Judiciário para reaver o montante.
Direitos dos Segurados
Todo benefício previdenciário só pode ser descontado com autorização expressa, eletrônica ou em documento assinado pelo segurado. A Constituição Federal e a Lei nº 8.212/1991 asseguram ao beneficiário o direito ao contraditório e à ampla defesa, impedindo suspensões automáticas sem prévia notificação. Qualquer desconto não autorizado é nulo de pleno direito e passível de estorno.
Próximos Passos para os Prejudicados
- Verificar extrato de pagamentos no aplicativo ou site Meu INSS, no menu “Extrato de Pagamento (CNIS)”, para identificar descontos suspeitos.
- Protocolar pedido de revisão ou contestação junto ao INSS, pelo próprio Meu INSS ou pelo telefone 135, solicitando estorno dos valores indevidos.
- Registrar boletim de ocorrência em delegacia ou pela delegacia eletrônica de sua unidade federativa, documentando o golpe.
- Denunciar à CGU (por e-mail ou endereço físico) e à Ouvidoria Geral do INSS, informando nome da entidade, valores e datas dos descontos.
- Buscar apoio jurídico, seja na Defensoria Pública da União ou em associações de aposentados confiáveis, para avaliação de eventual ação judicial de ressarcimento e danos morais.
Como Evitar Golpes Futuros
- Use apenas canais oficiais: consulte sempre o Meu INSS (aplicativo ou portal) e o telefone 135 para informações sobre seu benefício.
- Não autorize descontos por telefone, SMS ou WhatsApp: o INSS nunca solicita dados sensíveis por esses meios.
- Revise mensalmente o extrato de pagamento; quaisquer cobranças não reconhecidas devem ser contestadas imediatamente.
- Evite intermediários: só assine procurações ou autorizações com entidades que você conheça bem e que tenham reputação comprovada.
- Proteja seus dados: mantenha seu CPF, senha do Meu INSS e senhas bancárias em sigilo absoluto.
A informação e a ação imediata são as melhores defesas contra fraudes. Todo aposentado tem o direito de receber seu benefício integral sem descontos indevidos, e o INSS, a CGU e a Polícia Federal estão mobilizados para identificar responsáveis e garantir o ressarcimento dos prejuízos.
Se você foi afetado por essa fraude, siga os passos indicados e não hesite em buscar amparo legal: seus direitos devem ser respeitados e o cuidado com seu sustento, assegurado.
Pensem nisso e até a próxima!
Ana Alves
@anima.consult
animaconsultoria@yahoo.com.br
Economista, Consultora, Professora e Palestrante
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