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Estudantes de Harvard recusam trabalho no Brasil por medo de não voltarem aos EUA

Estudantes estrangeiros da Universidade de Harvard têm recusado convites para estágios presenciais no Brasil por medo de não conseguirem voltar aos Estados Unidos. A decisão reflete o clima de incerteza causado pelas políticas migratórias do presidente Donald Trump e seus ataques recentes às universidades americanas de elite.

ONG brasileira que atua com gestão pública enfrenta recusas de candidatos estrangeiros devido à ameaça de restrições migratórias nos EUA

A imagem mostra um grupo de pessoas participando de um protesto. Algumas pessoas estão segurando cartazes com a mensagem "HANDS OFF! HARVARD". Um dos cartazes é de cor marrom com letras brancas e vermelhas. Também há uma bandeira dos Estados Unidos sendo segurada por uma das pessoas. O ambiente parece ser ao ar livre, com árvores ao fundo e um céu nublado. Manifestantes no campus de Harvard em Cambridge, Massachusetts, pedem que a universidade resista ao governo federal | Nicholas Pfosi/ReutersA imagem mostra um grupo de pessoas participando de um protesto. Algumas pessoas estão segurando cartazes com a mensagem “HANDS OFF! HARVARD”. Um dos cartazes é de cor marrom com letras brancas e vermelhas. Também há uma bandeira dos Estados Unidos sendo segurada por uma das pessoas. O ambiente parece ser ao ar livre, com árvores ao fundo e um céu nublado. Manifestantes no campus de Harvard em Cambridge, Massachusetts, pedem que a universidade resista ao governo federal | Foto: Nicholas Pfosi/Reuters
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Estudantes estrangeiros da Universidade de Harvard têm recusado convites para estágios presenciais no Brasil por medo de não conseguirem voltar aos Estados Unidos. A decisão reflete o clima de incerteza causado pelas políticas migratórias do presidente Donald Trump e seus ataques recentes às universidades americanas de elite.

A ONG ImpulsoGovque atua na capacitação de gestores públicos por meio do uso de dados e tecnologia, é uma das afetadas. O fundador da organização, João Abreu, conta que, pela primeira vez em seis anos, precisará adaptar o programa para o formato remoto após sucessivas negativas de estudantes.

“Tenho mantido contato com o HIO [Escritório Internacional de Harvard] desde nossa última conversa, e todas as respostas deles até agora aconselham contra viagens nos próximos meses”, relatou uma estudante indiana em mensagem a Abreu.

Ela acrescentou que o escritório deixa claro: quem sair dos EUA deve estar preparado para talvez não conseguir retornar.

 

O gestor compartilhou o caso em suas redes e revelou que outros dois estudantes também recusaram o convite.

“Nunca tinha acontecido nada parecido”, afirma. “Nem me sentiria confortável em insistir para o candidato vir trabalhar presencialmente no Brasil”.

Clima de apreensão

João Abreu é mestre em políticas públicas por Harvard e, desde então, seleciona estagiários de universidades americanas para temporadas presenciais no Brasil, priorizando candidatos que não são nem brasileiros nem americanos. Já passaram pela ImpulsoGov alunos da NYU e Stanford. Este ano, a ideia era montar uma equipe exclusivamente com estudantes de Harvard, plano que precisou ser revisto.

“Não será tão interessante [remotamente], mas é o que temos para agora”, lamenta.

O temor dos estudantes ocorre em meio a uma escalada de tensões entre o governo Trump e instituições de ensino superior. Harvard, que rejeitou exigências da gestão republicana, perdeu US$ 2,2 bilhões em verbas federais e US$ 60 milhões em contratos. A universidade levou o caso à Justiça.

Na semana passada, o presidente americano acusou Harvard de ser uma ameaça à democracia, chamando-a de “instituição de extrema esquerda e antissemita” em sua rede Truth Social. Ele também afirmou que a universidade “admite estudantes do mundo todo que querem destruir nosso país”.

Silêncio e medo

O impacto das declarações e medidas de Trump vai além dos números. Segundo Abreu, até ex-colegas de turma têm evitado qualquer plano fora dos Estados Unidos.

“Meus amigos de Harvard estão aterrorizados. Mesmo os estrangeiros que têm família fora não querem sair do país”, relata. “No grupo de WhatsApp da minha turma, ninguém mais compartilha nada sobre esse assunto.”

Diante desse cenário, a ImpulsoGov agora aposta no trabalho remoto para manter vivo o intercâmbio de conhecimento.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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