Presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante disse, no Dia da Indústria, que a forma como o tema é tratado pelo governo federal “causa indignação”

Na celebração do Dia da Indústria, realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), na última quinta-feira (8), o presidente da entidade, Ricardo Cavalcante, reforçou um alerta estratégico para a consolidação de grandes projetos estruturantes no Ceará: a carência de linhas de transmissão de energia. Segundo ele, a elevada produção de energias renováveis no Ceará e no Nordeste esbarra em um problema de infraestrutura.
Esses investimentos precisam ser executados pelo Governo Federal, por meio do Ministério de Minas e Energia. Reiteradamente, o setor produtivo tem reclamado da morosidade no tratamento do tema, mesmo com projetos bilionários batendo à porta do Ceará — como os de hidrogênio verde e DataCenters.
Presente ao evento, o governador Elmano de Freitas (PT) reconheceu a urgência dos investimentos e afirmou que o Estado do Ceará acompanha de perto o tema, atuando para viabilizar as soluções necessárias. Inclusive, na última viagem que fez à China, elmano disse ter conversado com empresas do país que possam atuar no segmento.
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Ricardo Cavalcante, que está interinamente à frente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), lembrou que a região avançou no setor energético, mesmo com a ausência das linhas de transmissão.
“Nos causa indignação ver como a questão das linhas de transmissão tem sido tratada. Em 2022, a Câmara Setorial de Energia do Ceará, presidida pela Fiec, encaminhou ao Ministério de Minas e Energia um documento indicando, ano a ano, as necessidades de capacidade de conexão energética para atender aos novos investimentos no Pecém. E a indignação aumenta ao vermos que os investimentos necessários nas linhas de transmissão representam menos de 2% do valor dos projetos que podem ser viabilizados no Pecém”, afirmou.
Projetos sem autorização
A crítica se apoia em fatos recentes. Reportagem do Diário do Nordeste mostrou que, por falta de acesso à rede elétrica, ao menos cinco grandes projetos — entre eles o megadatacenter fruto da parceria entre a Casa dos Ventos e o TikTok — não obtiveram autorização para instalação no Ceará. O valor estimado dos investimentos travados ultrapassa R$ 11,5 bilhões.
Elmano reconhece gargalo e afirma que o Ceará está “atuando fortemente”
O governador Elmano de Freitas ecoou a preocupação do setor produtivo. “Temos hoje energia sobrando, mas falta linha para transmiti-la”, disse o petista, ao comentar o recente leilão promovido pelo Governo Federal, que licitou cerca de 1.900 quilômetros de novas linhas de transmissão que deverão beneficiar o Estado. Esses investimentos, no entanto, estão previstos apenas para o fim de 2029.
Elmano destacou que o governo estadual está em articulação com o Ministério de Minas e Energia e com investidores privados para garantir que o Ceará seja contemplado. Nos bastidores, esta coluna apurou que o Estado analisa, inclusive, a possibilidade de atuar com recursos próprios no setor.
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