Juntas, instituições que lideram o Crédito do Trabalhador já liberaram mais de R$ 8,2 bilhões em dois meses.
Por Marcos Furtado — Rio de Janeiro
17/05/2025 05h00 Atualizado agora
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Apenas cinco instituições financeiras são responsáveis por sete em cada dez (73,3%) volumes de valores liberados no novo empréstimo consignado do setor privado — conhecido como Crédito do Trabalhador. Esses bancos emprestaram mais de R$ 8,2 bilhões em pouco mais de dois meses de operação da linha de crédito que gera desconto direto na folha de pagamento do trabalhador de carteira assina. Ao todo, R$ 11,3 bilhões foram movimentados por 39 instituições. Os números foram enviados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para o jornal EXTRA.
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O Banco do Brasil foi o responsável pelo maior montante liberado: R$ 3,1 bilhões. O segundo valor (R$ 1,6 bilhão) mais expressivo foi da Parati Financeira. Na lista também aparecem a Facta Financeira (R$ 1,2 bilhão), a Picpay (1,1 bilhão) e a Caixa Econômica Federal (R$ 1 bilhão).
Em relação ao número de empréstimos contratados, a lista das principais instituições é diferente. Dos 2,1 milhões de consignados privados liberados, 69.8% foram feitos nos cinco bancos com as maiores quantidades de contratações.
Com mais de 469 mil empréstimos, Facta Financeira foi a instituição com a maior quantidade de liberações. A Parati Financeira aparece logo em seguida, com cerca de 327 mil contratos firmados. O PicPay Bank soma 253 empréstimos na terceira posição. Na sequência, estão o Banco do Brasil (239 mil) e o Agibank (177 mil).
Samuel Barros, reitor do Ibmec Rio e Especialista em Finanças do Ibmec, avalia que a concentração da oferta de consignado em alguns bancos se explica pelo fato de estarem acostumados a operar essa linha de crédito. Dessa forma, já possuíam o conhecimento necessário para atender a demanda e oferecer taxas atrativas aos usuários. No entanto, o especialista pontua desvantagens que esse fenômeno pode representar para o consumidor:
– A concentração pode representar risco para a população, pois pode acabar gerando desinteresse dos outros bancos, isso poderia provocar um aumento na taxa de juros por falta de competição.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os trabalhadores contrataram em média empréstimos no valor de R$ 5.383,22, com prestações de R$ 317,20. Até a última quinta, das 70 instituições financeiras habilidades para operar o consignado privado, 31 ainda não tinham operado a nova linha de crédito.
Confira a lista com os valores liberados pelas 39 instituições financeiras abaixo.
Valores liberados por instituição no novo consignado privado
Instituição Financeira | Valores emprestados | Contratos de empréstimos |
Totais | R$11.308.301.733,94 | 2.100.659 |
BANCO DO BRASIL S A | R$3.137.992.851,11 | 239.336 |
PARATI CFI S A | R$1.643.461.713,12 | 326.772 |
FACTA FINANCEIRA S A | R$1.298.755.538,96 | 469.694 |
PICPAY BANK | R$1.159.208.036,50 | 253.130 |
CAIXA ECONOMICA FEDERAL | R$1.055.225.863,28 | 97.433 |
PAN FINANCEIRA | R$830.117.738,58 | 153.570 |
BANCO INTER SA | R$474.431.393,87 | 117.580 |
BANCO ITAU SA | R$358.550.302,32 | 52.545 |
BANCO AGIBANK SA | R$338.826.489,15 | 177.665 |
BRP – BANCO RIBEIRAO PRETO S.A. | R$263.880.295,24 | 25.306 |
321BANK SOCIEDADE DE CREDITO DIRETO S.A | R$143.524.814,90 | 63.251 |
BANCO SAFRA S A | R$143.404.505,87 | 22.840 |
BANCO MERCANTIL DO BRASIL S A | R$105.858.347,49 | 23.704 |
NEON | R$71.665.937,34 | 22.520 |
BANCO COOPERATIVO SICOOB S.A. | R$67.829.891,96 | 7.188 |
QI SOCIEDADE DE CREDITO DIRETO S A | R$55.801.391,51 | 16.438 |
CREDITAS | R$43.404.695,77 | 10.274 |
BANCO BTG PACTUAL S.A. | R$18.299.085,67 | 4.019 |
BANCO SANTANDER OLE | R$16.528.329,81 | 1.133 |
CREDIFIT – SOCIED CRÉDITO DIRETO SA | R$16.216.044,15 | 3.792 |
UP.P | R$14.735.215,74 | 4.720 |
BANCO BRADESCO S A | R$14.179.503,41 | 795 |
ZIPDIN – SOLUÇÕES DIGITAIS SOCIED CRED | R$7.966.832,82 | 1.894 |
NU FINANCEIRA | R$5.136.383,31 | 1.196 |
BANCO COOPERATIVO SICREDI S A | R$4.633.580,26 | 581 |
BANCO PAN S A | R$4.111.474,18 | 772 |
BANCO DIGIO | R$3.205.155,01 | 615 |
BANCO C6 CONSIGNADO S A | R$3.124.257,67 | 965 |
BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SA | R$2.512.555,54 | 181 |
COOPERFORTE | R$2.480.390,78 | 75 |
BANCO PINE S A | R$1.043.487,43 | 196 |
BANCO VR | R$784.046,30 | 209 |
BANCO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO | R$671.509,26 | 90 |
CREDIGENTE | R$452.143,43 | 90 |
SOCINAL S.A. | R$242.677,83 | 85 |
UY3 | R$19.606,39 | 1 |
EMPRESTA CAPITAL | R$10.135,24 | 2 |
CAPITAL CONSIG | R$9.004,30 | 1 |
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL SA BNB | R$508,44 | 1 |
Troca de dívidas entre bancos
Desde a última sexta-feira, o MTE liberou a portabilidade de empréstimos para o novo consignado privado de uma instituição financeira para outra. A migração foi liberada para quem tem contratos ativos do Crédito Direto ao Consumidor (CDC) ou do antigo crédito consignado por meio de convênios entre empresas e bancos.
Na prática, vai ser possível mudar para uma instituição financeira habilitada pelo programa que oferece condições melhores para reduzir os custos da dívida. Isso acontece porque, mesmo em caso de demissão, o banco poderá usar até 10% do saldo do FGTS e 100% da multa rescisória como garantia de pagamento. Além disso, se o trabalhador for demitido e conseguir um novo emprego com carteira assinada, a dívida será transferida para o novo vínculo de trabalho.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o trabalhador terá que procurar os canais de atendimento ou uma agência do banco para realizar a portabilidade das dívidas. A Carteira de Trabalho Digital vai liberar a migração somente no dia 6 de junho.
Ao fazer a portabilidade, a dívida antiga é automaticamente quitada no primeiro banco. Na sequência, o trabalhador assume um novo empréstimo com outra instituição financeira. Todos os bancos habitados, segundo o MTE, têm a lista dos trabalhadores com contratos ativos de empréstimo pessoal ou consignados.
Ao fazer a troca de banco, o trabalhador poderá aumentar o valor do novo empréstimo, desde que tenha margem consignável — limite de até 35% do salário que pode ser comprometido para pagar o empréstimo.
“Essa forma provoca uma espécie de leilão entre bancos, já que a instituição financeira pode baixar mais ainda os juros para não perder o cliente”, disse o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, em nota.
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