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PM suspeito de matar empresário em Fortaleza é investigado por tentativa de homicídio de adolescente

O cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Rodrigo Aguiar Braga, preso pela morte de um empresário em Fortaleza e suspeito de também matar uma funcionária pública, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), neste ano, já era investigado por tentar matar um adolescente, na Capital, em outubro de 2020. Passados mais de 4 anos, o inquérito policial do crime ainda não foi concluído.

O policial militar também é suspeito de participar do assassinato de uma funcionária pública, no Eusébio, neste ano

Escrito por
Redaçãoproducaodiario@svm.com.br
02 de Junho de 2025 – 08:00

Foto mostra um policial militar entrar no Presídio Militar, em Fortaleza, após trancar o portão da unidade prisional
Legenda: O policial militar está preso desde o dia 9 de maio último, em razão de um mandado de prisão relacionado à morte de Vinícius Batista
Foto: Arquivo DN

O cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Rodrigo Aguiar Braga, preso pela morte de um empresário em Fortaleza e suspeito de também matar uma funcionária pública, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), neste ano, já era investigado por tentar matar um adolescente, na Capital, em outubro de 2020. Passados mais de 4 anos, o inquérito policial do crime ainda não foi concluído.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, o PM foi apontado por testemunhas como o autor de quatro disparos contra um adolescente de 17 anos, na manhã de 28 de outubro daquele ano, na Rua Luísa Miranda Coelho, bairro Luciano Cavalcante. O ex-patrão da vítima, o empresário Francisco Alan de Almeida Vasconcelos, é investigado pela suspeita de ser o mandante do crime.

O Boletim de Ocorrência (BO), registrado por um familiar do então adolescente na antiga Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP (hoje Departamento), descreve que a vítima lanchava em frente à oficina em que trabalhava, quando dois homens desceram de um veículo de cor preta e atiraram contra o jovem e um colega de trabalho – que sofreu um tiro.

 

O patrão das duas vítimas as socorreu para o hospital. O adolescente de 17 anos, que sofreu quatro tiros no tórax, passou alguns dias internados no Instituto Doutor José Frota (IJF), mas se recuperou dos ferimentos. A outra vítima foi baleada apenas na perna e também sobreviveu.

 

As testemunhas apontaram Francisco Alan como o suspeito de ordenar o crime, em razão de um envolvimento amoroso do rapaz com a enteada do empresário e de um furto ocorrido na oficina de propriedade do empresário, onde o adolescente trabalhava.

O empresário estaria acusando o ex-funcionário de cometer o roubo e o perseguindo, segundo familiares do jovem. Já o policial militar Rodrigo Braga teria procurado o adolescente no novo local de trabalho, por alguns dias antes da tentativa de homicídio.

Rodrigo Braga e Francisco Alan Cavalcante foram presos temporariamente por 30 dias, por decisão proferida pela 1ª Vara do Júri de Fortaleza, datada de 23 de fevereiro de 2021. Na mesma decisão, a juíza Danielle Pontes de Arruda Pinheiro determinou o cumprimento de mandados de busca e apreensão na residência dos suspeitos.

Contudo, o inquérito policial ainda não foi concluído, depois de 1.675 dias da tentativa de homicídio. No último dia 28 de janeiro de 2025, o Ministério Público do Ceará (MPCE) requisitou novas investigações à Polícia Civil, com o prazo de 120 dias, para localizar e ouvir os proprietários do carro utilizado no crime e “realizar outras diligências que entender necessárias à elucidação dos fatos”.

A defesa de Rodrigo Aguiar Braga não foi localizada pela reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações e a matéria será atualizada, se algum posicionamento for recebido pela reportagem.

Já a defesa de Francisco Alan de Almeida Vasconcelos, representada pelo advogado Antônio Edgar Vasconcelos Oliveira, alegou que a acusação contra o cliente “nunca foi sustentada absolutamente por qualquer das testemunhas indicadas pela própria vítima, nem mesmo por qualquer documento apresentado pela vítima”.

 

A vítima, por sua vez, por diversas vezes, procurou a delegacia para continuar afirmando que estaria sendo perseguido pelo Sr. Francisco Alan de Almeida Vasconcelos, contudo, essa informação nunca foi confirmada pelas câmeras de segurança do Estado.”
Antônio Edgar Vasconcelos Oliveira

Advogado de defesa

 

A defesa conclui que “não opina, trabalha fielmente sobre fatos e provas já constantes do caderno processual, no caso sob discussão, apenas a instrução dos autos poderá trazer à sociedade a comprovação da inocência do Sr. Francisco Alan de Almeida Vasconcelos”.

 

Veja também

 

O que disseram os investigados?

O policial militar Rodrigo Aguiar Braga preferiu não responder aos questionamentos da Polícia e utilizou o direito de permanecer em silêncio. Já o empresário Francisco Alan de Almeida Vasconcelos foi chamado para prestar depoimento na Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), no dia 2 de março de 2021.

No depoimento, Francisco Alan admitiu que proibiu o namoro da enteada com o ex-funcionário e alegou que demitiu o adolescente “por causa de condutas erradas dele: desvio de peças, captação de clientes para serviços particulares”, segundo o Termo de Depoimento.

 

“Que não sabe onde ele fazia os serviços, inclusive o caso que culminou com a demissão foi um que ele fez um serviço que fez em frente a sua loja; que não tem mais as filmagens; que sua oficina foi roubada, mas nunca atribuiu o crime a… (nome do então adolescente preservado) inclusive o declarante defendia, pois várias pessoas atribuíam o crime a ele.”
Trecho do depoimento de Francisco Alan de Almeida Vasconcelos

Em inquérito policial

 

O suspeito confirmou que conhecia o cabo PM Rodrigo Braga, mas “nunca pediu a Rodrigo para investigar” o adolescente. E garantiu que não tem qualquer participação na tentativa de homicídio contra o jovem.

Em julho de 2021, o empresário recebeu supostas ameaças de morte, através de uma pichação e de uma carta. A pichação tinha o nome do adolescente que sofreu a tentativa de homicídio e a sigla da facção Comando Vermelho (CV). Entretanto, o jovem procurou as autoridades para negar a autoria das ameaças.

Assassinato da funcionária pública

O cabo da Polícia Militar do Ceará Rodrigo Aguiar Braga também é investigado por participar do assassinato do empresário Vinícius Cunha Batista, de 47 anos, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, e do homicídio da servidora pública da Prefeitura do Eusébio, Maria Madalena Marques Matsunobu, de 64 anos.

O militar está preso desde o dia 9 de maio último, em razão de um mandado de prisão relacionado à morte de Vinícius Batista. Os dois crimes tiveram 25 dias de diferença: a mulher foi morta no dia 5 de abril deste ano, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e o homem, no dia 30 de abril, na Capital.

Maria Madalena Marques Matsunobu era funcionária da Secretaria da Cultura do Eusébio e presidente da Associação de Artesãos do Eusébio (Aarte). Ela morava sozinha, na Rua das Rosas, bairro Urucunema, e teve a casa invadida e foi assassinada enquanto dormia, na madrugada de 5 de abril último, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza.

 

A reportagem apurou que a ação criminosa foi silenciosa: o criminoso arrombou a porta da casa, foi até o quarto da idosa e efetuou os disparos para matá-la. Depois, ele fugiu.

 

Na manhã seguinte, familiares e amigos estranharam a falta de comunicação de Maria Madalena e foram até a residência. O portão estava aberto, com sinais de arrombamento, e a mulher já estava morta, na cama onde dormia.

Empresário morto em Fortaleza

Dono de uma rádio no Interior, o empresário Vinícius Cunha Batista saía de uma padaria quando foi abordado por criminosos, na manhã do dia 30 de abril deste ano. O crime aconteceu na Rua Professor Juca Fontenelle, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza. No local, foram encontradas munições calibre 380.

No dia 9 de maio, o governador Elmano de Freitas anunciou que três policiais militares foram presos por suspeita de participarem do crime. “Ao mesmo tempo em que lamento que agentes públicos se envolvam em práticas criminosas, enalteço o trabalho da nossa polícia séria e comprometida, a imensa maioria, para combater a bandidagem”, disse o governador.

 

Ainda em mensagem, Elmano falou sobre punir quem for necessário em prol da segurança do Estado. “Não deixaremos crimes impunes e prenderemos quem quer que seja, um a um, para garantir mais segurança e justiça para nossa população”.

 

A reportagem apurou que os PMs presos foram os soldados Rebeca Júlia de Almeida Canuto e Wellington Xavier de Farias e o cabo Rodrigo Aguiar Braga.

O soldado Wellington Farias responde criminalmente por um duplo homicídio e tortura, com desaparecimento de vítima, enquanto o cabo Rodrigo Aguiar tem antecedentes criminais por tentativa de homicídio e participação no motim de PMs, no ano de 2020.

A defesa dos agentes, representada pelo advogado Kaio Castro, disse à época da prisão que aguardava “a liberação do acesso ao incidente processual cautelar, bem como ao inquérito policial, para exercer o contraditório e a ampla defesa. Manifestar-se-á em momento oportuno, quando for retirado o sigilo”.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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