Ranking leva em consideração três pilares: saúde, educação e emprego e renda
O município de Pereiro é o mais desenvolvido do Vale do Jaguaribe e o oitavo no ranking das cidades cearenses. O destaque está na educação, seguido de emprego e renda. Os dados são do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que usa como base o ano de 2023.
Elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o índice tem três pilares, são eles: Educação, Saúde e Emprego e Renda. Eles, somados, fazem uma média da cidade. Pereiro, a 342 km de distância de Fortaleza, alcançou a nota geral de 0,7202.
Assim, no ranking brasileiro ficou em 1.094º. Ao todo foram analisados 5.550 municípios brasileiros, que respondem por 99,96% da população.
Veja também
Dez melhores cidades do Ceará em desenvolvimento
- Eusébio: 0,8298
- Sobral: 0,8001
- São Gonçalo do Amarante: 0,7478
- Jijoca de Jericoacoara: 0,7406
- Fortaleza: 0,7389
- Maracanaú: 0,7381
- Aquiraz: 0,7233
- Pereiro: 0,7202
- Frecheirinha: 0,7076
- Guaramiranga: 0,7003
Destaque nas áreas de serviços e tecnologia de informação
A cidade do Vale do Jaguaribe está classificada com um índice de desenvolvimento moderado (de 0,6 a 0,8). O seu melhor desempenho está no quesito educação (0,8208), seguido pelo de emprego e renda (0,7057) e tendo como pior nota o pilar saúde (0,6341).
Para o professor de Pós-Graduação em Economia e pesquisador do FGV Ibre, João Mário França, a colocação de Pereiro no IFDM “não surpreende”.
“O município vem se destacando nos últimos anos na economia cearense na atividade de serviços, principalmente na área de tecnologia da informação devido à atuação da empresa Brisanet“.
França comenta que a cidade tem potencial de se tornar um Polo de TI no Estado. Desde que sejam realizados investimentos em formação de mão de obra nesta área.
O especialista acredita que o próprio Estado poderia fazer esse movimento, “principalmente potencializando cursos na área de TI nas escolas profissionais do ensino médio em Pereiro e em municípios próximos”.
Ele reforça a importância de se estimular, também, a criação de cursos de nível superior em TI nas universidades públicas dessa região do Vale do Jaguaribe.
Mas, para o pesquisador, também o setor privado pode contribuir com a formação de mão de obra qualificada, ofertando cursos e treinamentos por meio de entidades empresariais.
Índice de emprego e renda não acompanha crescimento da educação
Quanto ao índice de emprego e renda não acompanhar o crescimento do índice de educação, França explica que esta é uma relação complexa. A desigualdade social e econômica existente pode limitar o acesso à educação de qualidade de alguns grupos.
“Apesar de existir alta associação entre educação e crescimento profissional e consequentemente aumento de renda, outros fatores podem interferir, tais como a própria qualidade da educação recebida”, revela.
Ele também aponta as transformações constantes no mercado de trabalho que demandam novos atributos que não estão presentes nos currículos escolares e a própria presença de um mercado informal forte como pontos que também influenciam e afetam a associação entre educação e renda.
Empresa de tecnologia gera 3,5 mil empregos diretos na região
A Brisanet tem papel de destaque no bom desempenho do pilar emprego e renda do IFDM de Pereiro. Atualmente, a empresa emprega mais de 3,5 mil colaboradores diretos que moram no município e em cidades vizinhas, impulsionando o desenvolvimento de todo o entorno.
“Trata-se de um número significativo, considerando que a empresa emprega 9 mil colaboradores em todo o Nordeste, refletindo o papel estratégico que o município tem dentro da estrutura da Brisanet”, diz a empresa em nota.
“Os empregos gerados em Pereiro e região contribuem para a formação de um ecossistema virtuoso de crescimento, pois estimulam novos empreendimentos locais para atender às demandas por transporte, alimentação, vestimenta, esporte e lazer, contribuindo também para a geração de empregos indiretos”, informa a empresa por nota.
Relação entre o município e a Brisanet
Conforme a companhia, a história da Brisanet começou em Pereiro, em 1998, com o objetivo de oferecer internet e com preço acessível para a população local, que na época ainda nem tinha telefone e passou por um salto considerável de conectividade.
“Portanto, Pereiro foi o ponto de partida da Brisanet e manter a sede no município representa um compromisso com as raízes da companhia e com o desenvolvimento da região do entorno”.
Desafios vistos pela empresa para a região
Sobre os desafios de atuar a partir de uma cidade do interior, a empresa de tecnologia aponta como principais os relacionados a questões logísticas. “Contudo, a Brisanet tem conseguido superar esses obstáculos a partir de parcerias estratégicas com grandes fornecedores que compartilham do propósito de atender regiões remotas”.
Outro desafio é a qualificação profissional, superada a partir da implementação do programa Jovem Aprendiz, que atua como porta de entrada de colaboradores na empresa, muitos deles vindos das escolas profissionalizantes de Pereiro.
Atualmente, a empresa emprega 335 jovens aprendizes. “A atuação da Brisanet em Pereiro é uma demonstração de que empresas de grande porte podem sim prosperar e transformar realidades fora dos grandes centros urbanos”, diz a companhia.
Como é calculado o IFDM
Criado em 2008 e atualizado neste ano com nova metodologia, o estudo é composto pelos indicadores de emprego e renda, saúde e educação e varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento socioeconômico. Através dessa pontuação, é possível avaliar o município de forma geral e específica em cada um dos indicadores. O estudo permite, ainda, avaliação absoluta por município e ano e comparações entre cidades e anos anteriores.
Tanto a avaliação geral quanto às análises isoladas dos indicadores são classificadas em quatro conceitos de desenvolvimento:
- Crítico: entre 0 e 0,4
- Baixo: entre 0,4 e 0,6
- Moderado: entre 0,6 e 0,8
- Alto: entre 0,8 e 1
Crescimento do PIB comprova destaque econômico
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB municipal de Pereiro alcançou R$ 560,5 milhões em 2021, último dado disponível. O número reforça o crescimento econômico da cidade.
Apenas no setor de serviços, onde está enquadrada a empresa Brisanet (fundada em Pereiro em 1998), o PIB alcançou mais de R$ 358,7 milhões, o que representa 64% do total do município.
O PIB per capita, naquele ano, foi de R$ 34.273,12. Para se ter uma ideia, no mesmo período, a média do Ceará era de R$ 21,1 mil.
Na região do Vale do Jaguaribe, Pereiro tinha cerca do dobro de PIB per capita das cidades de Morada Nova (R$ 20,7 mil) ou Limoeiro do Norte (R$ 16,7 mil).
Quais municípios fazem parte do Vale do Jaguaribe
- Palhano
- Russas
- Quixeré
- Ibicuitinga
- Limoeiro do Norte
- Morada Nova
- São João do Jaguaribe
- Tabuleiro do Norte
- Alto Santo
- Jaguaretama
- Jaguaribara
- Jaguaribe
- Potiretama
- Iracema
- Ererê
- Pereiro
Estado tem desenvolvimento socioeconômico baixo
No Ceará, 6 em cada 10 municípios estão na faixa de desenvolvimento socioeconômico baixo. O percentual, segundo o IFDM é de 60,3%. Embora, mais da metade das cidades estejam nesta realidade, considerando os três pilares, educação, saúde e emprego e renda, o estado apresenta desempenho mais favorável que a média nordestina.
É importante salientar que nenhuma cidade foi classificada como de desenvolvimento crítico. Ainda conforme o índice, 38,6% dos municípios cearenses foram classificados com desenvolvimento moderado e 1,1% alcançaram grau alto.
A análise mostra que, em dez anos, o IFDM médio cearense apresentou evolução significativa: passou de 0,4051 para 0,5917 — um crescimento de 46,1%. Esse avanço foi impulsionado principalmente pela educação, que teve alta de 70,7%, seguida por Saúde (+39,1%) e Emprego & Renda (+22,4%). Todos os municípios cearenses evoluíram frente a 2013.
Adcionar comentário