Depois de ingerir a bebida, Phellipe Adler, 31, apresentou comportamento “atípico” e “forte desejo de deixar o local”, adentrando uma região de mata densa repentinamente

Um homem de 31 anos desapareceu em uma região de mata densa próxima ao Sítio Melo, em Barbalha, no Cariri, após tomar ayahuasca. Phellipe Adler, dono de um ateliê de plantas em Juazeiro do Norte, participava de um ritual de consagração das “medicinas da floresta”, no último sábado (14), quando apresentou comportamento “atípico” e “forte desejo de deixar o local”, segundo o coletivo Ani Uná, responsável pela cerimônia.
Nas redes sociais, o coletivo se apresenta como uma Organização Não Governamental (ONG) “voltada às tradições culturais, religiosas, de boas práticas e rituais por meio dos recursos da floresta”. Em nota sobre o caso enviada ao Sistema Verdes Mares, o grupo afirmou ser amplamente reconhecido pelo “rigoroso critério de avaliação” adotado antes das cerimônias e disse analisar cuidadosamente se cada participante “está apto a consagrar a ayahuasca”.
“Toda pessoa que deseja participar [do ritual] passa por uma entrevista de anamnese, com uma série de perguntas sobre seu estado físico, emocional, social e familiar, além de seu histórico de vida e, principalmente, sobre a existência de transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, bipolaridade, borderline, esquizofrenia, uso de substâncias psicoativas, medicamentos psicotrópicos ou qualquer outra medicação de uso contínuo”, explicou o coletivo.
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No entanto, os organizadores ressaltaram que esse processo depende da “honestidade e transparência de cada pessoa”. “Phellipe apresentou comportamento atípico poucas horas após a consagração. Ele manifestou forte desejo de deixar o local, mesmo sob efeito da medicina, o que não é permitido por questões de segurança. […] Algum tempo depois, ele repentinamente adentrou uma área de mata fechada, atravessando a cerca por onde não há trilhas, apenas vegetação densa”, continuou a ONG.
A família de Phellipe desconhece qualquer questão psiquiátrica que impossibilitasse a participação do rapaz na cerimônia. “A gente precisa das autoridades. Aqui não tem polícia, não tem governo, é uma localidade super difícil, muito complicada. […] A gente precisa de policiais e bombeiros aqui embaixo. […] A gente é uma família que está desesperada”, apelaram, em vídeo, as tias e a mãe do autônomo.
Medicamentos teriam sido encontrados na mochila do rapaz
Embora Phellipe tenha negado fazer tratamento psiquiátrico e a família também tenha dito que desconhece qualquer situação de saúde mental relacionada ao desaparecido, o Diário do Nordeste apurou com fontes próximas ao coletivo que teriam sido encontrados medicamentos psicotrópicos entre os pertences dele, na mochila deixada no local.
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Não há confirmação de que os remédios eram tomados por ele, no entanto, amigos próximos teriam relatado que Phellipe já teria sofrido surtos do tipo anteriormente, inclusive, “ouvindo vozes”.
Em entrevista à reportagem, a advogada Akerna Guedes, que representa a família do rapaz, reafirmou que os parentes desconhecem a situação, ressaltou que ele dizia que não tomava medicamentos que não fossem naturais, por ser vegano, e disse que, para os familiares, foi uma “surpresa” saber que ele tomou chá de ayahuasca.
Buscas e investigação
O desaparecimento de Phellipe é investigado pela Polícia Civil do Ceará, após o próprio coletivo Ani Uná registrar boletim de ocorrência na delegacia da região. O Corpo de Bombeiros foi acionado domingo (15) e, nessa segunda (16), foi feita uma busca aérea com helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o homem foi visto pela última vez no domingo, no distrito de Arajara, na zona rural de Barbalha.
O Diário do Nordeste buscou o Corpo de Bombeiros para saber atualizações sobre o caso e aguarda retorno para complemento desta matéria.
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