Suinocultura passa por restruturação no Ceará, com melhoria das condições sanitárias e tecnológicas

Com alta na demanda dos consumidores, a produção de carne suína está em crescimento no Ceará. O primeiro trimestre de 2025 teve uma alta de 29,4% no abate de suínos, em comparação com igual período do ano passado, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foram abatidas 55,8 mil cabeças de suínos no período, cerca de 12 mil a mais do que nos primeiros três meses de 2024. A alta é maior que a registrada no abate de bovinos (+23,1%) e frangos (+7,7%).
Esse foi o segundo melhor trimestre para o abate de suínos desde 2021, perdendo apenas para os últimos três meses de 2024, que registraram abate de 59,5 mil suínos.
Os dados da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, realizada pelo IBGE, considera estabelecimentos que estão sob inspeção sanitária federal, estadual ou municipal.
A alta da demanda pela carne suína está relacionada a uma oferta melhor do produto no Ceará, explica Sílvio Carlos Ribeiro, secretário-executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE).
O preço da proteína nos supermercados, semelhante ao do frango, também facilita o consumo. “A produção de suínos no Ceará é a maior do Nordeste. Está concentrada na Região da Ibiapaba, Vale do Jaguaribe, Serão de Canindé, Inhamuns e Centro-Sul”, destaca.

O aumento do consumo cearense de carne suína também se deve à melhoria das certificações sanitárias das granjas, avalia Paulo Machado, sócio de uma empresa que realiza abate e distribuição de suínos.
“O consumidor cearense passou a confiar mais na carne suína, reconhecendo-a como uma proteína saudável e acessível. Essa mudança de percepção se deve à tecnificação das granjas locais e à evolução do processamento industrial, o que garantiu mais segurança, padronização e qualidade”, afirma.
Paulo comenta que praticamente toda a produção é destinada ao mercado local, que ainda é abastecido por produtos de outras regiões, sobretudo do sul.
IMPACTO NO PREÇO
A alta na oferta de carne suína não necessariamente se refletirá em uma baixa no preço final aos cearenses. Paulo Machado afirma que o valor do produto está diretamente atrelado a variáveis externas, como a safra do milho e os custos do farelo de soja.
Segundo o núcleo de economia e estatística das Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE), o quilograma de carne fresca suína foi era vendido a cerca de R$ 11,00 na segunda semana de junho.
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O preço é semelhante à carne de frango, de cerca de R$ 10,00 por kg. Já a carne bovina tem o preço médio de R$ 22,00. Os preços são para venda no atacado, destinada aos revendedores.
A diferença de preços é semelhante para o consumidor final. Em supermercados de Fortaleza, o quilo dos cortes de bisteca e filé mignon suíno varia entre R$ 20 e R$ 25 – pouco acima do quilograma de filé de frango.
ESTRUTURAÇÃO DO SETOR COM TECNOLOGIA
A suinocultura cearense vem passando há alguns anos por uma reestruturação, com base em melhorias na tecnologia e gestão de qualidade utilizadas. É o que destaca Isaac Bley, presidente do Sindialimentos.

Os avanços são refletidos no produto final e a carne de porco que chega à mesa dos cearenses tem um melhor padrão.
“Essa transformação consolida o Ceará como uma referência regional, fortalece a cadeia produtiva da carne e amplia a competitividade da indústria de alimentos como um todo”, afirma o presidente.
Silvio Carlos reitera que a produção de suínos no Estado acompanha as novidades do setor nacional. O secretário-executivo da SDE destaca que os produtores comandam fazendas de criação modernas e fornam uma associação forte.
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