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De corretora de imóveis à dona de fazenda de coco, empresária do Ceará quer exportar para Europa

Em um auditório do Centro de Eventos do Ceará durante a PEC Nordeste 2025, Rita Grangeiro subia ao palco para falar com propriedade sobre a cultura à qual dedica a sua vida há cerca de 30 anos.

Rita Grangeiro, à frente da Fazenda Grangeiro, em Paracuru, mira exportações a partir do ano que vem

Escrito por
Ingrid Coelhoingrid.coelho@svm.com.br
21 de Junho de 2025 – 07:00

Legenda: Rita Grangeiro comanda a Fazenda Grangeiro, de 200 hectares, sendo 70 ha ocupados pelos coqueiros
Foto: Divulgação

Em um auditório do Centro de Eventos do Ceará durante a PEC Nordeste 2025, Rita Grangeiro subia ao palco para falar com propriedade sobre a cultura à qual dedica a sua vida há cerca de 30 anos.

Em outras décadas, era ela quem estava do outro lado, na plateia, para aprender sobre a atividade que a fez referência no setor e inspiração para as mulheres no agro cearense. “Eu sempre estive nos seminários da coquicultura, na plateia”.

“Eu já havia, antes do coco, criado gado na fazenda e me sentava à mesa com 30 homens para discutir o leite, a vaca, a inseminação. Porque eu estudava aquilo, eu participava. E com o coco foi a mesma coisa”, detalha Rita em entrevista à coluna.

agronegócio já estava na vida de Rita antes mesmo de ela entrar para a coquicultura, pois o sogro possuía uma propriedade rural em Paraipaba/Paracuru.

Mas na época, ela trabalhava em um comércio e também foi corretora. Atuando no agro e na corretagem de imóveis, Rita fez sua escolha: decidiu abandonar o mercado imobiliário para voltar de vez para a fazenda.

“Quando eu chegava na Fazenda, precisava voltar para mostrar um imóvel e teve uma hora que realmente precisei sair da corretagem, passei cinco anos”, lembra Rita, que hoje colhe, literalmente, os frutos: a Fazenda Grangeiro produz entre três milhões e três milhões e meio de frutos, oriundos de 10 mil coqueiros.

Ao todo, são 70 hectares plantados, mas a Fazenda Grangeiro ocupa 200 hectares.

 

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Início das exportações de coco

Na Fazenda, uma indústria faz o beneficiamento da produção e Rita destaca a participação da Embrapa nesse processo.

“Hoje, temos a MyCoco, que é aquele coco ‘peladinho’, de festa, e temos também agora a transferência de tecnologia da Embrapa para a fazenda, com uma água microfiltrada que não modifica o sabor da água de coco na garrafa”.

A ideia é que esse produto feito juntamente com a Embrapa abra um novo capítulo na história da fazenda: as exportações.

“A Embrapa tem fases de testes, então estamos na fase 8. Temos que chegar à fase 9, que deve ser concluída este ano, para que no ano que vem, espero, estejamos iniciando as exportações”.

 

Imagem mostra mulher segurando uma garrafinha de água de coco em um ambiente que parece ser o de uma indústria
Legenda: Rita Grangeiro se prepara para iniciar as exportações em 2026
Foto: Divulgação

 

Questionada sobre quais mercados devem receber a água em garrafinha, Rita afirma que União Europeia é o principal.

“Vários mercados já nos procuraram antes, mas achamos que ainda não é a hora, não estamos nesse ponto da exportação”, enfatiza.

“Às vezes, perguntam: ‘Rita, você vai mandar coco para o Sul?’. E eu digo: ‘Eu estou a 30 quilômetros do Porto e a 3.000 quilômetros de São Paulo, então é mais fácil nós chegarmos ao Porto do que em São Paulo”, destaca a empresária.

Além da produção, que deve abrir as exportações em 2026, a Fazenda Grangeiro também envia o coco em natura para o setor supermercadista e fornece o coco “pelado” com a marca MyCoco.

“O nosso foco, durante 18 anos, foi indústria, mas quando o meu filho veio trabalhar conosco, passamos a olhar para os supermercados. Hoje, o coco de mesa é o nosso foco”.

Ela detalha que o coco de mesa permite uma ampliação de margem. Entre clientes estão São Luiz e Beach Park, além de outras grandes redes.

Planos futuros

Hoje, a indústria inserida na Fazenda conta com seis funcionários. Da Fazenda Grangeiro, são mais 35, totalizando 41.

Rita já visualiza, porém, a necessidade de ampliar o efetivo. “Logo que a indústria realmente começar a operar (se referindo às fases de testes da Embrapa), será necessário ampliar para 60 funcionários, só na indústria”.

“Estamos cuidando para chegarmos à exportação. Isso realmente detém ajustes e crescimento”, diz Rita, que revela ainda a elaboração de estudos para enviar, além da garrafa, o coco “pelado”.

“Aquele coquinho, naquele formato, tem vida útil muito curta. Estão sendo feitos estudos para aumentar a vida útil dele e seria provavelmente enviado em um frete aéreo”, afirma.

Como lição para ingressar na coquicultura e em qualquer outro, a produtora cearense afirma: “Em qualquer negócio que você vá fazer, você precisa ser conhecedora. Então acho que para quem vai entrar nesse mercado, no agronegócio, a primeira lição é: seja conhecedor do seu negócio. E tenha dados precisos do que é gasto”, arremata.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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