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O mundo está trocando algodão em pluma por fibras sintéticas

Coordenador do Comitê de Algodão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABID) e gerente de Compras de Algodão da Têxtil União e da Companhia Valença Industrial, empresas do Grupo Casa dos Ventos, de Mário Araripe – o engenheiro cearense Sérgio Armando Benevides participou na terça-feira, 1, em São Paulo, de uma reunião-jantar da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), cujo ponto alto foi a palestra do norte-americano Joe Nicosia, vice-presidente da Louis Dreyfus Company (LDC) e considerado o maior especialista mundial em cotonicultura.

Atentem: 70% das roupas fabricadas no planeta são de poliéster, oriundo do petróleo

Escrito por
Egídio Serpaegidio.serpa@svm.com.br
03 de Julho de 2025 – 06:04

(Atualizado às 06:22)
Legenda: O Brasil, o maior exportador de algodão do mundo, pode aliar-se aos EUA numa campanha para aumento o consumo
Foto: Divulgação / SDE

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Coordenador do Comitê de Algodão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABID) e gerente de Compras de Algodão da Têxtil União e da Companhia Valença Industrial, empresas do Grupo Casa dos Ventos, de Mário Araripe – o engenheiro cearense Sérgio Armando Benevides participou na terça-feira, 1, em São Paulo, de uma reunião-jantar da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), cujo ponto alto foi a palestra do norte-americano Joe Nicosia, vice-presidente da Louis Dreyfus Company (LDC) e considerado o maior especialista mundial em cotonicultura.

Benevides viu confirmada sua informação, divulgada por esta coluna há dois meses, segundo a qual a pluma de algodão vem sendo derrotada, nos mercados do mundo, pela fibra sintética, oriunda do petróleo.

Ele contou à coluna que Joe Nicosia – durante sua palestra no “The Cotton Market Outlook”, realizado durante o XXII Anea Cotton Dinner, na capital paulista – mostrou com dados e números que os grandes países produtores e exportadores de algodão, como o Brasil e os Estados Unidos, devem dar-se as mãos para enfrentar e superar, conjuntamente, esse desafio. De acordo com Nicosia, a redução da participação da pluma de algodão na matriz têxtil mundial preocupa muito mais os cotonicultores norte-americanos do que a disputa pela liderança nas exportações.

“O Brasil é o líder das exportações hoje e continuará sendo pelos próximos anos, pois a produção está crescendo, ao mesmo tempo em que ninguém mais evolui. Nós entendemos que, se você não pode derrotá-lo, junte-se a ele, pois o desafio é outro”, disse o norte-americano, sugerindo que é necessária a urgente união dos que produzem e exportam para combater o problema que surge, e o problema é o avanço das fibras sintéticas.

Corroborando com o que disse aqui Sérgio Armando Benevides, Nicosia disse que o consumo de algodão se mantém estagnado há duas décadas, mesmo com o incremento do mercado têxtil e de moda, o que revela o crescimento extraordinário dos sintéticos na indústria têxtil mundial.

Joe Nicosia afirmou na sua palestra que o Brasil atua como âncora, tirando a ansiedade do mercado, mas o problema persiste, porque, “infelizmente, a demanda por algodão não aumenta”.

Na opinião de Nicosia, acontecerão algumas coisas. Por exemplo: a China importará menos algodão, como já vem fazendo; os conflitos bélicos seguem escalando e a guerra tarifária imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contribuem para a instabilidade da economia. A concorrência com as fibras sintéticas é o grande desafio de quem produz e exporta pluma de algodão, disse Nicosia, acrescentando, sob aplausos:

“Precisamos de um trabalho de defesa do algodão diante do avanço dos microplásticos, e vejo o Brasil com o grande papel de líder de mercado e marqueteiro mundial, advogando o algodão como a melhor escolha”.

De acordo com ele, enfrentar esse desafio exigirá um conjunto de ações legislativas e regulatórias, tendo em vista que “a presença de microplásticos no nosso organismo é uma questão de saúde pública, e faz sentido que haja incentivo fiscal dos governos para estimular o consumo de fibras naturais”, argumentou o vice-presidente da LDC.

Sérgio Armando Benevides lembrou que mais de dois terços das fibras que utiliza a indústria têxtil mundial são sintéticas – quase tudo poliéster. Há 20 anos, esse percentual era de 50%. Agora, vem o dado que assusta: a China, que produz, anualmente, até 7,5 milhões de toneladas de pluma de algodão, consumidas pelo seu próprio mercado interno, também produz quase 60% de toda a fibra sintética do planeta.

Diante do atual cenário e do horizonte que se levanta, Joe Nicosia – na sua palestra – perguntou: por que aumentar a produção de algodão, se o consumo mundial dessa fibra natural não cresce? Para ser incrementada na mesma velocidade com que cresce a de fibras sintéticas, a produção de algodão terá de contar com inflação mais baixa no mundo e com o fim das guerras, como a da Ucrânia, e para isto a primeira providência será a promoção – pelos países exportadores, como o Brasil e os EUA – de uma campanha pelo aumento do consumo da fibra natural.

Joer Nicosia disse que os norte-americanos apoiarão uma campanha a favor da pluma de algodão, mas salientou que, para isto, os países produtores precisarão de estar unidos, “e eu concordo com o que ele falou”, finalizou Sérgio Armando Benevides.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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