A automação do processo aumenta a precisão, melhora a eficiência e garante resultados consistentes, de acordo com novo estudo

Nasceu o primeiro bebê concebido por um sistema totalmente automatizado e digitalmente controlado de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), segundo relato da Reproductive Biomedicine Online.
A ICSI, desenvolvida nos anos 1990, consiste na injeção de um único espermatozoide em um óvulo maduro e é amplamente usada na reprodução assistida. Atualmente, o procedimento é feito manualmente por embriologistas, mas estudos apontam variações significativas de desempenho entre profissionais.
O sistema automatizado foi projetado como uma estação de trabalho capaz de executar, de forma autônoma ou controlada remotamente, as 23 etapas do processo padrão de ICSI. A tecnologia foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar da Conceivable Life Sciences, com sedes em Nova York e Guadalajara.
Segundo o embriologista Jacques Cohen, a automação do ICSI representa uma solução transformadora, ao aumentar a precisão, a eficiência e reduzir a variabilidade humana. O procedimento foi realizado sob supervisão do conselho da Hope IVF México, como parte de um estudo piloto sobre automação em laboratórios de fertilidade.

O procedimento resultou em gravidez e nascimento bem sucedido. — Foto: Reproductive BioMedicine Online (2025). DOI: 10.1016/j.rbmo.2025.104943
USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Neste sistema, a IA foi usada para posicionar o espermatozoide na pipeta e guiar a microinjeção no óvulo, com potencial para padronizar o processo, melhorar a sobrevivência dos óvulos e otimizar o momento da injeção.
Com a IA, o sistema seleciona o espermatozoide de forma autônoma e imobiliza precisamente sua parte central com um laser pronto para a injeção — executando esse processo rápido e preciso com um nível de precisão além da capacidade humana, explica o engenheiro chefe professor Gerardo Mendizabal-Ruiz.
PARTO EM MULHER DE 40 ANOS
O parto bem-sucedido ocorreu com uma mulher de 40 anos, tratada com óvulos doados após uma tentativa anterior de FIV sem sucesso. No estudo, cinco óvulos foram fertilizados com ICSI automatizada e três com o método manual, para comparação. O sistema foi instalado na clínica Hope IVF México, e operadores em Guadalajara e Nova York controlaram remotamente as 23 etapas do processo para cada óvulo, totalizando 115 ações.
O procedimento automatizado levou, em média, 9 minutos e 56 segundos por óvulo — um pouco mais que a ICSI manual, devido ao caráter experimental. A expectativa é reduzir esse tempo futuramente.
Quatro dos cinco óvulos do grupo automatizado foram fertilizados com sucesso, assim como os três do grupo manual. Um dos embriões gerados remotamente de Nova York evoluiu até o estágio de blastocisto e foi transferido após vitrificação e descongelamento.
GESTAÇÃO
A gestação seguiu normalmente e resultou no nascimento de um bebê saudável do sexo masculino. Embora novos estudos sejam necessários, os pesquisadores consideram o caso um avanço importante rumo à automação total da fertilização in vitro.
A automação já é amplamente utilizada na cultura de embriões, com incubadoras que capturam imagens em time-lapse e IA que monitora o desenvolvimento e prevê resultados. Também vem sendo aplicada no crioarmazenamento de óvulos, espermatozoides e embriões, além da avaliação e preparação dos espermatozoides.
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