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Pai de enfermeira morta a facadas em Fortaleza acredita que namorado da filha premeditou o crime

O assassinato da enfermeira Clarissa Costa Gomes, de 31 anos, cometido pelo namorado, o gestor ambiental Matheus Anthony Lima Martins Queiroz, 26, surpreendeu os familiares da vítima, que não tinham conhecimento de agressões ou ameaças sofridas pela vítima, em quase dois anos de relacionamento. Após o crime, a família tenta entender como o primeiro namoro de Clarissa terminou de forma trágica.

Familiares não tinham conhecimento de agressões ou ameaças sofridas por Clarissa Gomes, em quase dois anos de relacionamento amoroso. Porém, as amigas da vítima já tinham informações sobre um relacionamento abusivo

Escrito por
Messias Borgesmessias.borges@svm.com.br
12 de Julho de 2025 – 07:00

Imagem de Clarissa Costa Gomes, vítima de feminicídio em Fortaleza. Ela utiliza uma roupa vermelha, está sorrido e parece estar em um local que recebe um evento
Legenda: Clarissa Costa Gomes tinha 31 anos e era enfermeira do Hospital Geral de Fortaleza (HGF)
Foto: Reprodução/ Redes sociais

assassinato da enfermeira Clarissa Costa Gomes, de 31 anos, cometido pelo namorado, o gestor ambiental Matheus Anthony Lima Martins Queiroz, 26, surpreendeu os familiares da vítima, que não tinham conhecimento de agressões ou ameaças sofridas pela vítima, em quase dois anos de relacionamento. Após o crime, a família tenta entender como o primeiro namoro de Clarissa terminou de forma trágica.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o pai de Clarissa, o empresário Luciano Gomes, conta que teve contato, algumas vezes, com o namorado da filha, que parecia ser “uma pessoa normal”. “Sempre o vi sorrindo, brincando com ela, e vice-versa”, conta. Após tomar conhecimento de alguns detalhes, ele acredita que o crime que vitimou a filha foi premeditado.

 

Ele não bebia, nem fumava. Isso, de certa forma, aparentemente, a gente acha que é até uma qualidade. Mas é como eu sempre digo: antes um bêbado sem fazer nada (criminoso) do que um bonzinho, mas por trás uma mente perversa.”
Luciano Gomes

Pai de Clarissa

 

Entretanto, Luciano começou a se preocupar, durante o período de namoro da filha, por não ver o genro trabalhando. Já Clarissa, segundo o pai, era estudiosa, trabalhadora e independente. Ela era formada em Enfermagem, concursada no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e, no dia em que foi morta, tinha recebido a informação de que foi aprovada em um concurso da Universidade Federal do Ceará (UFC).

 

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Indícios de crime planejado

Ao ser interrogado na delegacia da Polícia Civil do Ceará (PCCE), Matheus Anthony Lima Martins Queiroz disse que “toma medicação para epilepsia e ansiedade” e negou ter tido contato com a namorada, no dia do crime. Depois, disse que não sabia se tinha a visto e que não lembrava do que aconteceu. O delegado concluiu que o suspeito apresentava “confusão mental” e não estava “em condições de prestar interrogatório”.

 

Foto do gestor ambiental Matheus Anthony Lima Martins Queiroz, sendo preso por um feminicídio cometido em Fortaleza
Legenda: O gestor ambiental Matheus Anthony Lima Martins Queiroz, 26, foi preso em flagrante pelo feminicídio e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça
Foto: Reprodução

 

O pai de Clarissa Costa Gomes refutou a possibilidade do ex-genro sofrer de alguma doença mental e afirmou que há indícios de que o crime foi planejado.

“A arma do crime não tava no local. Eu não encontrei, nem a Polícia. Eu acho que ele já levou uma faca, intencionado (a matá-la). Teve uma briga corporal, e os vizinhos ouviram ela gritar ‘Mateus, tu vai me matar‘.”

 

Depois de matar Clarissa, o suspeito ainda tomou banho na casa da vítima e trocou de roupa, segundo Luciano. “Como é que uma pessoa diz que é maluca, tem problemas de sanidade e faz uma coisa dessas?! Acredito que ele fez tudo planejado”, afirmou.

 

“Eu acredito e tenho confiança na Justiça. Se esse cara sair (da prisão), vai ser uma covardia com a minha filha, porque foi ela quem realmente perdeu tudo. Ela perdeu o resto de vida brilhante que ela tinha”, completou Luciano.

Amigas sabiam de relacionamento abusivo

Após o crime, Luciano e outros familiares de Clarissa começaram a receber relatos de amigas da vítima dando conta que começaram a suspeitar, há alguns meses, que ela estava em um relacionamento abusivo com Matheus e que até aconselharam a amiga a terminar o namoro.

Segundo as amigas, Clarissa tinha sido impedida por Matheus de ir a alguns lugares sem ele. Quando a enfermeira foi convidada por uma amiga para ser madrinha de casamento, o namorado teria exigido entrar na igreja com ela, mesmo sem ser convidado para ser padrinho. A noiva não aceitou.

O autor do feminicídio teria chegado a ameaçar de fazer algo contra a vida da namorada ou contra a vida dele próprio, se ela não atendesse a uma exigência dele, contou uma amiga de Clarissa.

O empresário lamenta que a filha não tenha procurado ele ou a mãe dela para denunciar o relacionamento abusivo: “Eu não sei como é que pensam, às vezes, esses jovens. Porque, antigamente, a gente tinha liberdade com os pais. Hoje, eles se acham mais livres em falar com os amigos. Eu não sei se ela escondeu por medo de eu ou a mãe dela fazer algo. Mas a gente nunca foi contrário ao que ela quis fazer”.

Prisão preventiva decretada

Matheus Anthony Lima Martins Queiroz passou por audiência de custódia, na última quinta-feira (10), e teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, por decisão da 17ª Vara Criminal – Vara de Audiências de Custódia.

 

“A gravidade em concreto da conduta atribuída ao flagranteado é bastante elevada, pois há indícios de que praticou o crime de feminicídio, contra pessoa com a qual encontrava-se em relacionamento afetivo, dentro de sua própria residência, havendo indicativos de agressões em sequência, contra as quais a vítima gritava insistentemente buscando apoio dos vizinhos. Essa circunstância imprime especial censurabilidade ao fato e revela acentuado risco social”, considerou o juiz Tadeu Trindade de Ávila.

 

O magistrado ponderou que, “mesmo que o flagranteado seja tecnicamente primário, esse dado não se sobrepõe à periculosidade revelada pela conduta, nem neutraliza o risco concreto de reiteração delitiva ou de perturbação da instrução processual, sobretudo em delitos de extrema gravidade e profunda repercussão social”.

“A custódia cautelar se mostra imprescindível à garantia da ordem pública e à reafirmação dos valores fundamentais da Constituição, especialmente os relacionados à dignidade da pessoa humana e à proteção integral da mulher”, concluiu o juiz.

defesa do suspeito não foi localizada para comentar o caso e a decisão judicial de decretar a prisão preventiva. O espaço segue aberto e a matéria será atualizada, se houver manifestação da defesa.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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