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Ceará tem pior queda na receita de exportações de calçados entre os principais polos do País

As exportações de calçados do Ceará caíram de 9,4% em julho de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando 2 milhões de pares embarcados. Consequentemente, a receita também teve uma queda de 14,2%.

Em julho, as exportações cearenses totalizaram R$ 13,4 milhões

Escrito por
Luciano Rodriguesluciano.rodrigues@svm.com.br
12 de Agosto de 2025 – 07:00

Foto que contém pessoa manipulando um calçado
Legenda: Exportações de calçados caem quase 10% em julho no Ceará; tarifaço já está em vigor
Foto: Helene Santos/Governo do Ceará

As exportações de calçados do Ceará caíram de 9,4% em julho de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando 2 milhões de pares embarcados. Consequentemente, a receita também teve uma queda de 14,2%.

Entre os três principais polos calçadistas do Brasil, o Estado apresentou o pior desempenho no mês, sendo seguido pelo Rio Grande do Sul e, em terceiro, por São Paulo (ver quadro abaixo).

Ao todo, as exportações cearenses totalizaram R$ 13,4 milhões (R$ 72,7 milhões na conversão atual), com efeitos sentidos na cadeia produtiva.

 

 

Por outro lado, no acumulado dos sete meses deste ano, o Ceará somou a exportação de 19,5 milhões de pares por US$ 117,68 milhões (R$ 636,4 milhões na conversão), incremento de 11,2% em volume, mas queda de 1,1% em receita no comparativo com o mesmo intervalo de 2024.

Os dados foram divulgados nessa segunda-feira (11) pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com base nos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Vale lembrar que, diferentemente de produtos como ferro e aço, os calçados cearenses não entraram na lista de isenções do tarifaço de 50% imposto sobre as exportações brasileiras pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

 

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Os calçados são o segundo produto mais exportado pelo Ceará, atrás somente de ferro e aço. Até julho, os pares foram responsáveis por 8,7% das vendas com o exterior do Estado, de acordo com o Comex Stat.

O Ceará é o segundo maior exportador de calçados do Brasil, atrás somente do Rio Grande do Sul, conforme dados da Abicalçados. Em 2024, o Estado foi o maior produtor nacional de pares, responsável por um em cada quatro calçados fabricados no País. São Paulo fica na terceira posição.

Por que as exportações caíram?

sobretaxação mundial imposta pelo presidente dos EUA é um dos pontos que tem dificultado as exportações brasileiras, como analisa Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados

O Brasil teve leve alta nas exportações calçadistas nos sete primeiros meses deste ano, o que indica que existe um “acirramento da concorrência internacional”, principalmente de mercados asiáticos, cujo custo de produção dos pares, de modo geral, é inferior ao brasileiro.

 

“Os exportadores asiáticos estão redirecionando seus embarques para fugir da sobretaxa aplicada nos Estados Unidos. Isso vem impactando o nosso desempenho em mercados importantes na Europa e na América Latina”, avalia Haroldo Ferreira.

 

Os EUA, por sua vez, foram o principal destino do calçado brasileiro. O país norte-americano recebeu cerca de 7 milhões de pares, 11,6% das exportações. Só em julho, no mês anterior ao tarifaço de 50%, o território estadunidense importou do Brasil 1 milhão de calçados, 26,4% a mais do que o mesmo mês de 2024.

Para o economista Alex Araújo, o ambiente “desafiador” do tarifaço vem acompanhado da concorrência dos produtos asiáticos, com mão-de-obra mais barata e alta rotatividade, pressionando o mercado brasileiro e o cearense.

 

“O que o tarifaço faz é acrescentar um elemento extra de incerteza para o exportador local. Ainda assim, vale lembrar que boa parte dos países asiáticos concorrentes também enfrenta sobretaxação americana. O desafio, portanto, não é apenas o preço, mas a capacidade de manter contratos, prazos e diferenciação de produto num cenário comercial mais instável”, conclui.

 

É possível diversificar a pauta e ter lucro, afirmam especialistas

Que o tarifaço já está trazendo impactos nas exportações cearenses, não é novidade. Essa questão, porém, para o mestre em Economia e integrante do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Eldair Melo, pode ajudar o Ceará.

Ele acredita que “é uma grande oportunidade para diversificar os clientes que compram calçados do Ceará”.

 

Os EUA recebem cerca da metade dos calçados exportados pelo Ceará. Essa sobretaxa, com certeza, vai encarecer nosso preço no destino, e isso reduz a competitividade frente a concorrentes asiáticos”.
Eldair Melo

Mestre em economia e integrante do Corecon-CE

 

Ele acrescenta que, caso 30% do volume perdido seja redirecionado para a União Europeia e a América Latina, o prejuízo será reduzido.

 

Operária manuseando calçados em fábrica do Ceará
Legenda: O Ceará é o segundo maior exportador de calçados do Brasil, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul
Foto: Fabiane de Paula

 

O economista Alex Araújo acredita que a oportunidade para que o Ceará cresça frente aos desafios impostos pela sobretaxação devem vir acompanhadas de ações que deem mais previsibilidade ao exportador.

“Abrir novos mercados — especialmente na América Latina, Europa e África — significa ampliar o leque de destinos, aproveitando nichos onde o produto cearense pode competir em qualidade, design e diferenciação. Para que essa diversificação seja efetiva, o Brasil precisa de uma política comercial mais vigorosa, (…) e é fundamental avançar na celebração de acordos bilaterais e regionais que reduzam barreiras e confiram previsibilidade ao exportador”, avalia.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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