O documento foi publicado em meio à pressão para a resolução da crise provocada pela alta dos preços das acomodações

O presidente designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, divulgou nesta terça-feira (12) carta defendendo que a ação climática seja tratada, antes de tudo, como um desafio humano, colocando pessoas no centro das decisões e políticas ambientais. “Agora é a hora de enfrentar o aquecimento global colocando pessoas no centro da nossa resposta. Agora é a hora de demonstrarmos humanidade – individual e coletivamente”.
O documento foi publicado em meio à pressão feita por embaixadas e entidades estrangeiras para a resolução da crise provocada pela alta dos preços das acomodações na capital paraense. Participantes tem ameaçado não comparecer à conferência e pedido a mudança da sede da cúpula para outra cidade brasileira.
Veja também
A carta, quinta da série escrita à comunidade internacional, ressalta que populações historicamente marginalizadas, como povos indígenas, comunidades tradicionais, mulheres, jovens e grupos periféricos, não devem ser vistas apenas como vítimas da crise climática, mas como protagonistas da mitigação, adaptação e regeneração ambiental. “Não são vítimas passivas da mudança do clima, mas líderes vivos do cuidado, da resiliência e da regeneração”.
O texto reconhece que “a crise climática implica dar urgência às necessidades e esperanças das pessoas” e que justiça climática significa “enfrentar desigualdades estruturais, acabar com a fome e combater a pobreza, promovendo o desenvolvimento sustentável, os direitos humanos e a igualdade, inclusive racial e de gênero”.
Segundo Corrêa do Lago, “mais do que limitadas por sua vulnerabilidade, essas pessoas são mestres em vitalidade, sabedoria e criatividade. Não são apenas periféricas por sua geografia – são protagonistas na linha de frente da mitigação, adaptação e partilha de recursos. São agentes da mudança, portadoras de perspectivas e soluções únicas”.
Quatro frentes de ação
O texto apresenta um “novo convite” para que a COP30, que ocorrerá em Belém, seja um momento de transição simbólica e prática rumo a um modelo de desenvolvimento mais integrado, solidário e sustentável: “Façamos com que a ação climática comece e termine com as pessoas”.
A conferência será estruturada em quatro frentes de ação — Mobilização Global, Agenda de Ação, negociações formais da UNFCCC e Cúpula de Líderes — com foco em resultados concretos e mensuráveis. A presidência reafirma três prioridades interligadas para o encontro: “(1) Reforçar o multilateralismo e o regime climático sob a UNFCCC, (2) Conectar o regime climático à vida real das pessoas, e (3) Acelerar a implementação do Acordo de Paris”.
Para Corrêa do Lago, “a COP30 deve ser o encontro onde a autoridade formal caminhe lado a lado da liderança genuína” e onde a luta contra a crise climática se traduza em “empatia, compaixão e solidariedade”.
Adcionar comentário