Paciente faleceu em menos de um ano após diagnóstico da doença, que se caracteriza como um tumor agressivo

O Brasil registrou o primeiro caso de um câncer raro e agressivo associado a implantes mamários, conhecido como carcinoma espinocelular. A paciente, uma jovem que tinha prótese de silicone nos seios, de longo prazo, faleceu em menos de um ano após o diagnóstico em decorrência das complicações da doença.
O caso inédito no País foi divulgado mês passado, em um estudo publicado na revista Annals of Surgical Oncology (ASO), e se soma aos poucos outros relatados no mundo.
Primeiros sintomas foram dor e aumento da mama
No artigo, os pesquisadores detalharam que a mulher procurou ajuda médica após notar o aumento acentuado do tamanho de um dos seis, associado a dor.
Além dos sintomas relados pela jovem, a literatura científica também detalha que a doença pode causar inchaço unilateral e
eritema (vermelhidão na pele).
De início, os médicos optaram pela troca do implante mamário, além da retirada da cápsula que o revestia, devido à presença de um seroma tardio — espécie de complicação incomum caracterizada pelo acúmulo de líquido ao redor da prótese, conforme detalha artigo da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP).
Por apresentar sinais incomuns, a cápsula foi encaminhada para biópsia. Ao sair o resultado, ficou evidenciado a presença do carcinoma espinocelular associado a implantes mamários.
Morte em menos de um ano após diagnóstico
Após o diagnóstico, a jovem foi submetida à retirada da prótese e a uma mastectomia — cirurgia de retirada da mama.
No entanto, como relatou o coordenador do estudo, o mastologista Idam de Oliveira Junior, sócio titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o estado avançado da doença causou um retorno precoce e agressivo logo em seguida, levando a paciente a morte.
Ao todo, do diagnóstico ao óbito, a sobrevida dela foi de 10 meses.
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Caso raro não é motivo para alarde, diz especialista
Apesar do primeiro registro do tipo no Brasil, Oliveira Junior enfatizou não haver motivos para alarde, por se tratar de um câncer raro, mas enfatizou a necessidade de atenção por parte dos profissionais da saúde.
“A cada ano, temos mais mulheres vivendo por longo tempo com próteses de silicone. Neste sentido, é importante que qualquer alteração apresentada nos implantes seja considerada e investigada“, declarou à SBM.
Riscos associados ao implante mamário
Os procedimentos de aumento dos seios com próteses são amplamente realizados desde a década de 1960 e, segundo Oliveira Junior, são considerados seguros e eficazes, tanto para fins estéticos quanto para reconstrução mamária.
Porém, como destacou à SBM, nos últimos anos, vêm crescendo as evidências que indicam que implantes de silicone podem desencadear efeitos imunológicos e inflamatórios que poderiam elevar o risco para desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o linfoma anaplásico de grandes células associado a implantes ou o próprio carcinoma espinocelular.
O mastologista detalha que, devido ao número limitado de casos relatados — cerca de menos de duas dezenas — os fatores de risco para o desenvolvimento deste tipo raro e altamente agressivo da doença, com prognóstico desfavorável, ainda são desconhecidos.
Além de inflamação, o uso prolongado de próteses (geralmente acima dos 10 anos) e a presença de seroma parecem contribuir para o desenvolvimento do tumor.
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