Na manifestação, as entidades afirmaram que existe uma “elitização do acesso ao tratamento medicamentoso da obesidade no país”

Sociedades médicas brasileiras que tratam de diabetes e obesidade criticaram, por meio de nota conjunta, a decisão de não incluir Ozempic e Saxenda no Sistema Único de Saúde (SUS). As entidades justificaram o posicionamento afirmando que a medida é elitista. A informação foi compartilhada pelo O Globo.
A nota foi publicada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Na manifestação, as entidades afirmaram que existe uma “elitização do acesso ao tratamento medicamentoso da obesidade no país” e que a decisão “fere os beneméritos princípios de equidade, universalidade e integralidade do SUS”.
A adoção das canetas emagrecedoras de liraglutida, conhecida como Saxenda, e da semaglutida, o Ozempic e Wegovy, no SUS, foi uma solicitação das três sociedades médicas.
O pedido foi recusada e a decisão anunciada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec).
“A decisão (…), justificada pelo alto custo dos medicamentos, se contrapõe à negação de sequer avaliar a incorporação da sibutramina, que tem um custo mensal de menos de 30 reais, incorporação esta que foi solicitada por estas sociedades em dezembro de 2024”, contestou ainda a nota.
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DECISÃO DO CONITEC
A incorporação dos medicamentos à base de semaglutida e liraglutida no SUS recebeu parecer contrário da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), na quarta-feira (20). Segundo o órgão, o alto custo das medicações é um dos fatores para a posição negativa.
A Conitec é responsável por realizar análises técnicas e consulta pública com o intuito de decidir quais tratamentos devem ser incluídos no sistema público de saúde brasileiro.
Dois pedidos eram analisados por um grupo técnico na última semana: a inclusão da semaglutida, da farmacêutica Novo Nordisk, e a da liraglutida, presente em canetas como a Saxenda.
Alto custo para o SUS
Relatórios do Ministério da Saúde apontaram que o custo estimado seria de R$ 4,1 bilhões em cinco anos. O valor poderia chegar a R$ 7 bilhões no mesmo período, se considerados os casos em que um tratamento contínuo é necessário.
Além disso, a questão do uso contínuo e o oferecimento de cirurgia bariátrica pelo SUS, outra alternativa para pacientes obesos, também foi citada na análise.
Até agora, por conta da decisão, os medicamentos seguirão fora do que é coberto pelo SUS e não serão incorporados nos medicamentos da rede pública.
Em maio deste ano, a Conitec já havia iniciado estudo sobre a semaglutida, que resultou na divulgação de um parecer negativo. “Membros consideraram a elevada razão custo-efetividade incremental da tecnologia avaliada, o elevado impacto orçamentário incremental e a incerteza do tempo de uso da semaglutida”, apontou o relatório divulgado no fim de junho.
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