Notícias

Conheça o padre José Antônio Maria Ibiapina, cearense declarado como venerável pelo papa Francisco

Com o reconhecimento, padre Ibiapina avança na causa para ser considerado santo. O advogado José Luís Lira, especialista em Direito Canônico, explica que a declaração é resultado da análise e aprovação, pelo Vaticano, das virtudes heroicas — prudência, temperança, fortaleza, justiça, fé, esperança e caridade — do religioso.

Reconhecimento é uma das etapas da causa de beatificação e canonização do sacerdote, também conhecido como padre Ibiapina

Escrito por
Carol Melocarolina.melo@svm.com.br
31 de Março de 2025 – 15:23

Imagem mostra ilustração do padre cearense José Antônio Maria Ibiapina, reconhecido como venerável pelo papa Francisco. Conheça o padre José Antônio Maria Ibiapina, cearense reconhecido como venerável pelo papa Francisco
Legenda: Religioso nasceu em Sobral no dia 5 de agosto de 1806
Foto: reprodução/Vaticano News

papa Francisco declarou, nesta segunda-feira (31), o padre cearense José Antônio Maria Ibiapina como venerável — uma das etapas da causa de beatificação e canonização da Igreja Católica. Em decreto, o pontífice reconheceu as virtudes heroicas do religioso natural de Sobral, que viveu no século XIX, e que já era considerado servo de Deus.

Com o reconhecimento, padre Ibiapina avança na causa para ser considerado santo. O advogado José Luís Lira, especialista em Direito Canônico, explica que a declaração é resultado da análise e aprovação, pelo Vaticano, das virtudes heroicas — prudência, temperança, fortaleza, justiça, fé, esperança e caridade — do religioso.

 

 Agora, acontece a análise dos eventuais milagres e depois, quando aprovado o milagre — que é um processo rigoroso na Santa Sé —, vem a beatificação. Se houver o reconhecimento de um segundo milagre, haverá a canonização e ele pode ser tornar santo plenamente.”
José Luís Lira

Advogado especialista em Direito Canônico

 

Apesar de ter nascido no Ceará, a trajetória religiosa do padre Ibiapina foi trilhada em diversas localidades da região Nordeste, principalmente nos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, onde fundou várias casas de acolhimento e assistência à saúde, educação cultural e moral, formação religiosa e profissionalizante.

Segundo o anúncio do decreto pelo Vaticano News, o sarcedote recebeu o reconhecimento “por sua existência exemplar, por ter vivido uma fé intensa, alimentada pela oração constante e pela Eucaristia e evidenciada por sua constante confiança em Deus e em sua Providência em cada escolha de vida. A fama de santidade que o acompanhou durante sua vida continuou após sua morte, acompanhada de testemunhos de graças.”

 

Veja também

 

Quem foi padre Ibiapina

O religioso nasceu em Sobral no dia 5 de agosto de 1806. No fim da adolescência, em 1823, ingressou pela primeira vez no seminário, em Olinda (PE). No entanto, não pôde concluir os estudos e se ordenar devido à morte prematura da mãe.

No ano seguinte, com a revolta antilusitana, o pai e o irmão dele foram presos como rebeldes e condenados — o primeiro foi executado, enquanto o outro foi exilado. Sem os familiares, José Antônio Maria Ibiapina teve que se dedicar aos estudos para trabalhar e sustentas as irmãs, que continuavam na pobreza.

Jurista e político

Ao concluir a formação em Direito, tornou-se professor, depois magistrado e posteriormente delegado de polícia da Prefeitura de Quixeramobim (CE).

Em 1834, foi eleito para o Parlamento Nacional, onde foi presidente da Comissão de Justiça Criminal. No ano seguinte, o cearense apresentou um projeto de lei para impedir o desembarque de escravos vindos da África em território brasileiro.

No entanto, suas tentativas para melhorar o sistema judiciário não tiveram sucesso. Então, renunciou ao cargo de juiz e, uma vez encerrado seu mandato político, não renovou a candidatura ao Legislativo. Em seguida, José Antônio Maria Ibiapina mudou-se para Recife (PE), onde visava exercer a advocacia para os mais pobres.

Em 1850, abandonou oficialmente a carreira jurídica, retirou-se para a solidão e voltou a cultivar a vocação inicial de sacerdote. Então, em 1853, foi finalmente ordenado padre.

Trajetória religiosa

Na diocese da Paraíba, foi-lhe confiada várias tarefas e durante a epidemia de cólera entregou-se sem reservas, o que lhe rendeu o apelido popular de “peregrino da caridade”.

Fundou várias casas de acolhimento e assistência à saúde, educação cultural e moral, formação religiosa e profissionalizante nas regiões da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Ele também organizou missões populares e fez construir igrejas, capelas, hospitais e orfanatos.

No final de 1875, o padre foi acometido por uma paralisia progressiva dos membros inferiores, sendo obrigado a recorrer ao uso de uma cadeira de rodas para se locomover. O estado de saúde dele foi se agravando progressivamente, até que faleceu em 19 de fevereiro de 1883, aos 76 anos.

Avatar

Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

Adcionar comentário

Clique aqui para postar um comentário